Hoje é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Em Mossoró, o rio que banha a cidade pede socorro. A situação do rio Apodi-Mossoró será novamente discutida nesta segunda-feira, 6, durante uma audiência pública proposta pelo deputado estadual Fernando Mineiro, que vai acontecer às 9h30, no auditório do Serviço Social da Indústria (SESI). O estado em que se encontra o rio é motivo de lamentação por parte dos moradores que sempre viveram próximo ao curso das águas. “Há alguns anos a gente tomava banho, muita gente pescava, mas agora só de olhar faz mal”, lamenta a aposentada Francisca Maria Vieira, que reside próximo ao rio há mais de 15 anos. Ela conta que, mesmo após uma improvável despoluição total, não teria coragem de entrar na água novamente. Antonieze Bezerra da Silva mora há mais tempo próximo ao rio – são 34 anos convivendo com a saudade e poluição das águas. “Antigamente a água aqui era tão limpa que dava para ver os peixes nadando. Hoje é essa podridão, sujeira”, reclama. Outro morador, Enok de Souza, disse que sente uma tristeza quando vê a água poluída. Ele critica a falta de atitude das autoridades. “Deveriam fazer um tratamento nesse rio, mas ninguém faz nada. Só aparecem aqui em época de campanha e dizem que vão salvar o rio, mas é só enrolação e o rio continua morrendo”, destaca. Após dois anos de trabalho e 14 análises feitas se chegou a um diagnóstico físico, químico e ambiental que será apresentado pelos integrantes do Fórum Permanente do rio Apodi-Mossoró, entre eles o professor Ramiro Camacho. Segundo o ambientalista, o recurso natural sofre com poluição física, química e biológica. Em todo o seu percurso (desde a cidade de Luís Gomes ao Oceano Atlântico) há irregularidades, especialmente em Pau dos Ferros, Apodi e zona urbana de Mossoró. “Com as 14 mil análises em dois anos de estudo, diagnosticamos que a problemática é muito parecida em todo o percurso”, alerta. Matadouro, criação de animais nas margens, postos de lavagem de carros e de combustíveis, esgotos, entre outras formas de poluição contribuem para o estado preocupante do rio Apodi-Mossoró. O ambientalista lamenta o fato de haverem vários eventos discutindo o assunto enquanto os agentes públicos responsáveis não tomam nenhuma iniciativa mais contundente. “Estamos convocando para que os gestores estejam presentes para que a problemática do rio tome fôlego novamente. Os municípios precisam adotar algumas ações para não deixar que o rio fique pior. Infelizmente as políticas públicas são fracas e não despertaram ainda para a questão ambiental, que também é de saúde pública”, ressalta. O primeiro passo, segundo ele, seria inibir a ação das fontes poluidoras. Um das alternativas seria o saneamento básico. “Se os municípios fizessem o saneamento e deixassem de despejar no rio já seria uma ajuda grande”, informa. Outro passo seria a recuperação da vegetação. “Consequentemente, a biodiversidade poderia ser recuperada com a flora e fauna característica”, cita Ramiro. Após essa etapa poderia ser iniciada uma limpeza das águas do recurso natural. O encontro desta segunda-feira, que fará parte da programação festiva pelo Dia do Meio Ambiente, contará também com uma exposição fotográfica mostrando todo o percurso do rio.
Fonte: Gazeta do Oeste
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